O NATAL QUASE PERDIDO



conto para a família


A família estava longe fazia já um bom tempo. Eram cerca de 15 pessoas, e todas moravam distante. O mais perto morava cerca de 20 quilômetros, e nem sempre podiam se juntar como deviam ou queriam, alguns.
A verdade era que a convivência não era das melhores. Os pais já havia morrido, e só restavam os quinze irmãos, que raramente se juntavam, já que os laços que os unia, os pais, havia se quebrado. Foi uma pena, e foi a ultima vez que se reuniram naquela casa, no enterro do pai.
Mas teve algo que os deixou eufóricos: o avô deles, que havia morrido há poucos meses, deixara uma herança para todos, uma soma de dinheiro considerável, e eles estavam alegres. Depois de tanto tempo sem se falarem, começaram a mandar mensagens de Natal uns  para os outros, e começaram a querer se reunir para a ceia de natal naquele ano, coisa que não faziam desde a morte dos pais, cinco anos atrás. Tudo parecia caminhar numa maravilha só.
Foi então que um deles teve uma brilhante ideia: iriam preparar uma ceia de natal diferente, com todos juntos, a família toda. Cada uma doou uma certa quantia e as mulheres se encarregaram de fazer a comida, chegariam uma semana antes para preparar, os homens viriam depois, pois ma maioria das famílias dos irmãos só eles trabalhavam. Pois bem, vieram, mas não tiravam a herança da mente, que iria chegar em suas mãos na primeira semana de janeiro do próximo ano, e eles estavam felicíssimos! Tudo ia dar certo.
No entanto, na quarto dias antes do natal, com a ceia quase pronta, o irmão em cuja casa todos os outros irmãos iriam se reunir, recebeu uma telefonema do advogado, dizendo que por causa de problemas com a herança, pois um filho fora do casamento, de seu avô, havia entrando com uma ação contra a divisão da herança, e teria feito com que isso se demorasse pelo menos um ano. Mas para quê foi avisar isso? Os ânimos já não estavam os mesmos, a felicidade parece que acabou, tudo feneceu de repente, como um programa de computador que trava por causa de vírus.
As mulheres receberam um recado dos maridos, que já haviam recebido um whatsapp de suas mulheres avisando de suas tristezas por causa da mudança.  Avisaram então ao irmão que precisavam voltar para casa, por causa de problemas nas suas famílias, cada um disse uma desculpa, apenas para não dizer o óbvio. O irmão mais velho estava estupefato! Então foram esses os valores ensinados por seus pais, foram esses os ensinamentos que seus pais deram? Não estava conseguindo entender aquilo. Como não absorveram o que lhe foi ensinado por nossos pais, como chegaram a isso, depois de uma vida inteira de exemplos por porte de seus pais, que ficariam tristes profundamente, por causa disso?
Bem, já que não havia ninguém para comer todos aqueles alimentos, o que ele iria fazer? A geladeira não ia comportar tudo aquilo, era demais. Resolveu fazer a única coisa possível: chamou as pessoas mais humildes do lugar onde morava, em sua maioria pobre, para a ceia que seria no outro dia, a noite de 25 de dezembro, natal. Pelo menos umas trinta pessoas vieram, e comeram à vontade, muito frango, carnes diversas, sucos, refrigerantes, doces e salgados, que seus irmãos desprezaram, por causa do materialismo deles. Que bela ceia de natal! Por incrível que pareça, ele se sentiu a pessoa mais feliz do mundo, pois uma alegria indizível tomou conta de sua alma, nunca mais havia sentido aquilo, a não ser quando seus pais eram vivos, quando faziam a ceia com todos os seus irmãos.
Daquele dia em diante, ele iria fazer uma ceia de natal, para os mais necessitados, todos os anos, para que pudesse sentir, de novo, aquela alegria!


por Leus Nardus

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